Procede-se a uma comparação dos riscos advenientes da opção pela adopção de medidas positivas de gestão do risco ou por medidas negativas de recusa da aceitabilidade desse risco, atendendo, para tanto, às consequências a longo prazo e a uma análise dos custos e benefícios dessa decisão.
Na verdade, a implementação de uma cultura e gestão proactiva do risco, assente na identificação dos riscos, na avaliação da sua gravidade e probabilidade de ocorrência e na delimitação daqueles que são aceitáveis que está na sua origem, sujeitando-os, embora a uma estrita vigilância e controlo ou reduzindo-os. Não passa necessariamente por uma proibição ou paralisação do desenvolvimento de determinadas actividades ou processos.
Muitas vezes o risco reside não no desenvolvimento de uma determinada actividade ou utilização de uma substância mas antes na sua admissibilidade genérica ou uso excessivo. Nestes casos, a melhor opção reside numa gestão global do risco, limitando o acesso à actividade ou reduzindo o uso aos limites aceitáveis.
Mas, sempre que exista uma dúvida suficientemente fundada sobre a gravidade ou irreparabilidade de um determinado risco e este seja considerado inaceitável, justifica-se plenamente a regra da abstenção.
A noção de aceitabilidade, salvo casos limite, não se apresenta de fácil circunscrição. Daí a extrema importância da análise de custos / benefícios da adopção de medidas de precaução.
A análise custos / benefícios revela-se imprescindível para garantir que a vantagem adveniente da redução ou eliminação de um risco apresente como razoável face aos custos da adopção das medidas a tal tendentes. Efectivamente, a criação de estruturas de acompanhamento contínuo da evolução dos riscos, a sujeição a procedimentos morosos, a imposição da utilização da melhor tecnologia disponível, a realização de investigações e perícias longas e onerosas, têm que encontrar uma justificação racional e afigurar-se proporcionadas à natureza do risco que se pretende gerir, em termos de propiciarem de facto uma melhoria da qualidade de vida da comunidade ou reforço assinalável da segurança.
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1 comentário:
Vou começar a orientar um trabalho de doutoramento nessa área, mas com um campo específico. Mesmo com o alerta do tema, muitos dos conceitos ainda carecem de discórdia. Por exemplo, muitas vezes chama-se risco à incerteza, sem se tomar a devida diferenciação. Os problemas são todos incertos, nomeadamente um processo de gestão. A gestão do risco é importante, mas tem ainda muito que andar. Afinal e a meu ver é o reconhecimento de que a minimização de custos já ficou lá atrás e que é necessário investir mais na prevenção em vez da remediação.
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