sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Derrocada


O céu encontra-se nublado e no alto dos montes, o ambiente encontra-se calmo. As criaturas procuram refúgio da chuva que cai e pouco movimento é visível.
Mas algo acontece. No chão ensopado em água, algo sucede. Imperceptível. Algo que transformará para sempre a fisionomia do local mas não a vida dos seus habitantes.
As rochas encontram-se, vagarosamente, a caminhar. A escorregar entre as suas irmãs e na lama. Lentamente, a ganhar energia e ímpeto, a sua deslocação é notada pelas criaturas em letargia, que repentinamente se vêem obrigados a fugirem de seus refúgios em busca de segurança.
Em movimento, os rochedos precipitam-se pelo quebrado, sem nada os deter. As suas curtas viagens terminam no fundo da ladeira. Tão repentina e inesperadamente como seu início.
O sossego é retomado. No alto dos montes, a vida volta à normalidade.
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Dedico às vítimas mortais da derrocada de pedras na Madeira de 22 de Novembro:
Manuel Mendonça, 50 anos, ajudante de serralheiro, residente no concelho de Santana e
Eduardo Bento, de 45 anos, soldador e morador em Santa Cruz.
Paz às suas almas.

2 comentários:

V. disse...

Vi esta notícia logo de manhã na TV que me deixou transtornada. Pelas famílias deles cuja vida não será a mesma (e infelizmente aproxima-se o Natal).

Por ti, por mim (e por mim talvez duplamente, já que faço o que sabes e sou geóloga de formação). A minha primeira questão foi "como vai ser agora?"

Gi disse...

Que, pelo menos, as suas mortes possam não ter sido em vão!