domingo, 18 de novembro de 2007

Absurdo


As nossas vidas são absurdas, na medida em que vivemos na certeza de que um dia serão ceifadas pela morte. Se encararmos a nossa condição com exactidão, teremos de reconhecer a ausência de sentido da esperança, e que é inevitável que as nossas vidas terminem no nada. Olhamos para o mundo procurando sinais de existência de sentido, mas “o mundo permanece silencioso” (Albert Camus).
Dilema trágico em que nos encontramos, e com a rejeição da possibilidade de se procurar afirmar a nossa dignidade face à morte. É necessário estabelecer valores num mundo que, em si próprio, não os possui.
Aceita o absurdo como final e universal. Não somos obrigados a condicionar o nosso futuro devido à omnipresença da morte. A experiência do absurdo permite-nos experimentar, em simultâneo, a nossa condição de seres únicos, dignos e livres.O facto de os nossos projectos poderem resultar em nada não implica necessariamente que deixemos de tentar realizá-los, pois não deixa de ser excitante tomar a decisão de fazer alguma coisa, apesar de se saber que o fim último da acção é transitório.

1 comentário:

V. disse...

Não há nada mais efémero que a nossa vida, diariamente desperdiçada por nós.
Acho que a maioria das pessoas tem medo de morrer quando à beira da morte se apercebe que não viveu nada do que queria.