sexta-feira, 16 de julho de 2010

Toque

O toque é o mais antigo dos sentidos conhecidos na visão evolutiva, antes não se fazia a interação dos cinco sentidos, nem a integração psico/física. O mundo é conhecido através dessa percepção inata que nos permite adquirir aos poucos a consciência do que nos rodeia, o conhecimento vai se fazendo pelo toque, o sentir e o armazenar pela nossa capacidade de percepção e de memória. A expressão: "Estar com os pés no chão" traduz uma relação podo-cefálica que tem importância na concentração e no equilíbrio, envolvendo concentração e consciência da proximidade de eventos e a sua capacitação.

Assim, desde antes do nascimento, ainda no ventre materno já podemos sentir o nosso Universo, através das sensações que nos são passadas pela nossa mãe através da sua pele, do seu toque carinhoso, da sua conversa e de seus batimentos cardíacos, o mundo nos é apresentado de uma forma diferente com a segurança, o conforto, o calor, o afecto que através dela sentimos. Protecção esta que desaparece a partir do nascimento. Há então uma ruptura com tudo aquilo que nos era conhecido, há um desequilíbrio, uma desarmonia. Passamos então a sentir o mundo através de nossas próprias sensações. De repente, todo aquele aconchego, protecção, aquela voz conhecida se confundem num Universo muito maior e desconhecido. Começa então uma nova etapa, um novo desbravamento, novas experiências que se darão pelo nosso "contacto" com o mundo, a pele então será o nosso maior aliado, nos fará sentir frio, calor, dor e estímulos tácteis. Será o nosso intermediário, com ela aprenderemos a nos conhecer.

O toque será então o nosso sentir, ao recebê-lo estamos sempre aprendendo, recebendo afecto, segurança, protecção, conforto, carinho, aconchego, amor, dedicação, afeição, confiança, estabelecendo vínculos, fazendo uma conexão com o passado. Ao nos sentimos mais amados, mais ligados formamos uma maior consciência corporal e psíquica, um maior equilíbrio emocional. Resgatando o que perdemos com a ruptura do nascimento.

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