segunda-feira, 4 de abril de 2011

Poço

Do fundo do poço, olho para cima e vislumbro a pequena parcela do céu nocturno…

Devido à intensa iluminação que existe, repara-se que não há nebulosidade mas também não se vê nenhuma estrela…
É um céu de azul-escuro uniforme, sem nada que consiga atrair a atenção do olho…
É um céu triste e sem encanto…

Em contraste, os cinzentos-claros das paredes inacabadas de betão do poço. Sem qualquer uniformidade na sua textura e cor. As telas de impermeabilizante de amarelo forte… A malha de aço em tons de castanho que lembram a cor da terra…
O sistema de cofragem de vermelho queimado pelo sol, em tons que fazem lembrar o laranja…
A escada torre, com os seus próprios tons de cinzento e degraus pintados de amarelo. Uma estrutura de metal, de peças encaixadas e entrelaçadas entre si, que sobe mas não atinge o cimo do poço… Em pouco tempo, compreendo a sequência de montagem das várias peças… Certamente, um jogo de lego em tamanho humano, preparado a crescer…

No poço, posso olhar para cima, para o céu e pensar atingi-lo…
Mas no poço há variedade e tanto mais para fazer…
No fundo do poço, posso querer grandeza, mas sou insignificante… Mas é no fundo do poço, que posso trabalhar e alcançar o céu…

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