terça-feira, 29 de junho de 2010

Workaholism

Há quem seja valorizado pela sua determinação, capacidade em superar obstáculos e dedicação. Há quem tenha tal preocupação com o desempenho profissional que seja capaz de abdicar de momentos de lazer com a família ou amigos em detrimento do trabalho. Nada de muito preocupante, se tudo isto for bem doseado. É que a fronteira entre ser um bom profissional, exemplar e motivador aos olhos de uma equipa, e ser considerado um workaholic (viciado no trabalho) é cada vez mais ténue. Estima-se que 10% da população portuguesa seja viciada no trabalho. Gente para quem a actividade profissional é tudo e ter uma mera semana de férias constitui uma fonte de sofrimento e angústia.

São em cada vez maior número e dizem os especialistas que constituem a face mais visível de um mercado laboral cada vez mais global e adverso. Jovens, competitivos e profissionalmente ambiciosos. Não sabem parar, trabalham onde quer que estejam, colocam a família e os amigos em segundo plano. Sofrem de ansiedade, stress, distúrbios do sono. Vivem para o trabalho, muitas vez não por necessidade mas por vício.

Em oposição ao abuso de substâncias como drogas e álcool, as opiniões divergem sobre se tal comportamento doentio pode ser considerado um vício. Mas o workaholism é uma condição que pode causar tanto dano mental como físico. Não só ao individuo mas como à organização de que faça parte.
Eles não procuram maneiras de serem mais eficientes, apenas estão à procura de formas de terem mais trabalho para fazer.
Além de desencorajar a eficiência, pode pôr o stress enorme em co-trabalhadores. Se o workaholic é um gerente, ele ou ela pode esperar longas horas de subordinados, pode forçá-los a tentar atingir padrões impossíveis e, em seguida, entrar na corrida para salvar o dia quando o trabalho é considerado inferior.
A pessoa pode parecer como um herói, entrando para resolver crise após crise, quando na verdade essas crises poderiam ter sido evitadas. Às vezes, o workaholic pode ter inconscientemente criado problemas para proporcionar a emoção infinita de mais trabalho.

À semelhança de outros vícios, os viciados em trabalho também demoram a reconhecer que têm uma relação problemática com o trabalho e a procurar ou aceitar ajuda. Justificam esta ligação excessiva ao trabalho, que supera a família, os amigos, os hobbies, dizendo que gostam muito do que fazem. Há quem só reconheça precisar de ajuda e tratamento depois de um grande susto ou depois de toda a vida em seu redor (estrutura familiar, saúde, bem-estar) ter desmoronado. Até porque, em regra, estes profissionais excessivamente dedicados tornam-se indivíduos com problemas de isolamento e dificuldade de relacionamento inter-pessoal.

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